quinta-feira, 4 de março de 2010

Um pequeno trecho do Prefácio do meu livro: A oralização de crianças deficientes auditivas, uma realidade que o Brasil não vê: Quando comecei a escrever este livro, percebi que dentro dos conceitos que eu possuía sobre como repassar essas informações para as pessoas, existia assunto suficiente para se escrever dois ou três livros com diferentes abordagens। Mas que no final se completariam, dando idéias para iniciativas de Educação Formal (aquela atribuída á escola) e Informal (aquilo que aprendemos no convívio social: na escola, na igreja, no convívio com a família e com a própria sociedade), quando se fala em Inclusão e em Educação Especial। Na verdade, os conceitos a serem abordados dentro deste livro vêm desmistificar os conceitos atuais sobre Inclusão, Educação Especial, Esportes Paraolímpicos, Terapias de desenvolvimento, etc. Diria então, que se aprofundam ainda mais nos nossos conceitos atuais de sociabilização, aceitação e convívio. Os quais afetam diretamente a sociedade, a família, os profissionais que lidam com crianças especiais e principalmente a Escola. Resolvi no meio do livro escrever novamente o seu prefácio. E direcioná-lo especificamente á minha área de formação: EDUCAÇÃO FÍSICA. Tão carente de informações sobre as diferentes deficiências existentes e seus tratamentos. E tão completa com meios de ajudar á vencê-los. Por quê? Porque não há melhores exemplos para a sociedade como a repercussão de um evento como as Olimpíadas e as Paraolimpíadas. As quais aprofundam os conceitos sociais, culturais, históricos, geográficos, políticos, esportivos, de superações e também de fracassos na sociedade mundial. Sei que ao defender o meu conceito sobre o tema geral Inclusão, não estarei mexendo apenas com as atuais idéias profissionais. Estarei mexendo profundamente no mundo de pessoas com necessidades especiais que também se posicionaram e se posicionarão contra ou a favor dessas novas idéias. Pessoas que já se acostumaram em se autodenominar “Especiais e Incluídas”. Que se acostumaram na verdade com dois mundos. Mundos que a sociedade vêm impondo á séculos. E que hoje, algumas pessoas pertencentes ao “Mundo dos Especiais” e “Incluídas dentro do mundo dos normais”, criarão obstáculos para se igualarem. Pois afinal de contas, se eu não pertenço ao seu mundo você também não pode pertencer ao meu. Dois mundos criados para dizerem que um deles aceita e o outro para dizer que foi incluído. O meu objetivo aqui, não é apontar os erros ou os acertos, mas fazer com que pessoas com necessidades especiais, profissionais das áreas de educação e educação física, reflitam sobre esses itens que acabei de citar. Não me conformo ao ver pessoas ditas como normais elaborarem projetos para atender pessoas com necessidades especiais. Acho isso o cúmulo do FALSO MORALISMO. Ao invés de capacitar o cidadão deficiente ou ao menos perguntar-lhes quais são as suas opiniões sobre tudo o que envolve a deficiência; ao invés de dar-lhe condições de se auto - sustentar e trabalhar de maneira efetiva para reabilitá-lo. Preferem dizer que isso ou aquilo foi realizado para atender as necessidades das diferentes deficiências (sem que nenhum deficiente tenha dado a sua opinião) e finalizam demonstrando a não capacidade de escolha dos próprios deficientes . Vocês querem ver um exemplo claro disso? Vocês conhecem alguma entidade para deficientes físicos em que os mesmos são responsáveis, por exemplo, em passar as necessidades para um deficiente físico, cadeirante, ser acomodado em um novo emprego? Quem faz esse serviço geralmente são pessoas sem deficiência. E porque isso? Não existe nenhuma pessoa deficiênte físca cadeirante que possa realizar este tipo de trabalho nas instituições? Os deficiêntes físicos cadeirantes não possuem capacidade para realizar o trabalho? Não existe nenhum deficiente formado em alguma faculdade que não possa realizar esses e outros trabalhos ligados ao bem estar de pessoas como eles? Ou será que estamos ainda achando que eles não são capazes de realizar determinados trabalhos? Eu diria em uma única frase: Agarrem aquilo que é de vosso direito. Assim mostrarão a sociedade como respeitá-los. É nesse conceito que incluo então a não oralização de deficientes auditivos. Que vocês deficientes auditivos, capazes que são, consigam realizar uma construção ideológica a favor das vossas necessidades e não das necessidades que as outras pessoas que não possuem deficiência auditiva e que nunca se colocaram efetivamente no lugar de uma pessoa com deficiência auditiva acham disso tudo. Talvez eu esteja exagerando um pouco nessa minha visão da sociedade. Mas quero ser exagerada, quero tocar no fundo dos sentimentos das PESSOAS QUE TRABALHAM COM INCLUSÃO e principalmente daquelas que ESTÃO SENDO INCLUÍDAS.

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Luciana Pelosini